sábado, 26 de janeiro de 2013

Nota Pública - Invasão, roubo e ameaças à CPT no Acre


Comissão 8 da CNBB, Cimi e coordenação nacional da CPT divulgam Nota Pública de denúncia e de solidariedade à CPT Acre devido aos últimos acontecimentos em sua sede. Em dois anos a sede da CPT no estado foi invadida por seis vezes. Além disso, agentes da entidade tem sofrido ameaças de morte e intimidações.

Confira a nota na íntegra:

A Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, da CNBB, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) vêm a público denunciar novos atos de violência praticados contra a CPT do Acre, e reiteram sua solidariedade e apoio aos agentes de pastoral pelo corajoso trabalho desenvolvido em defesa do povo do campo e da floresta daquele estado.

Na madrugada do dia 20 para o dia 21 de janeiro último, a sede da CPT do Acre foi invadida. O local foi destelhado e o forro destruído para permitir o acesso às dependências. Foram roubados computadores, data show, impressoras, máquinas fotográficas, além de muitos documentos.

A equipe da CPT encaminhou todos os procedimentos legais, fez o registro de boletim de ocorrência e solicitou perícia da polícia civil. Esta, no entanto, informou que não teria sido encontrada nenhuma impressão digital que pudesse levar aos suspeitos de tal violência.

Tudo leva a crer que a ação criminosa tenha sido executada por um profissional bem orientado do que deveria retirar do local, e capaz de dificultar a investigação policial, não se tratando, portanto, de um furto comum. Isso fica ainda mais evidente uma vez que, na madrugada do dia 21 para o dia 22 de janeiro, a mesma sede foi mais uma vez invadida e as únicas coisas levadas foram documentos, inclusive o Boletim de Ocorrência, feito no dia anterior.

Com esses dois últimos episódios, já são seis os casos de invasões na sede da CPT no Acre nos últimos dois anos. Julgamos importante destacar o fato dessas invasões à sede terem se intensificado após a CPT denunciar irregularidades em planos de manejo florestal e ação de fazendeiros e madeireiros no estado do Acre e sul do Amazonas, questionando o latifúndio e as novas formas de apropriação dos meios naturais coletivos para transformá-los apenas em capital para alguns.

Somadas às recorrentes invasões, ameaças foram direcionadas ao agente pastoral que atua no município de Boca do Acre (AM), Cosme Capistano da Silva, bem como, a Maria Darlene Braga Martins, coordenadora da CPT na região.

Os signatários acreditam que as ameaças de morte são feitas tendo em vista a atuação da CPT Acre nas áreas onde há conflito envolvendo seringueiros, pretensos donos das terras, grileiros, fazendeiros e madeireiros.

Mesmo tendo sido feitas reiteradas denúncias ao Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público Federal (MPF), secretarias de Direitos Humanos e Secretaria de Segurança Pública nada foi resolvido até o momento. Exigimos que os fatos sejam apurados com profundidade e transparência e que os verdadeiros executores dessas violências sejam responsabilizados e presos.

Brasília / Goiânia, 25 de janeiro de 2013.

Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, da CNBB
Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT)

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