sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Indígenas asseguram que Lei da Mãe Terra não contempla suas propostas

Natasha Pitts
 
Após a promulgação da Lei da Mãe Terra e Desenvolvimento Integral para o Bem Viver, realizada na última segunda-feira (15) pelo presidente boliviano Evo Morales, a Coordenadora Andina de Organizações Indígenas (Caoi) decidiu se manifestar assegurando que a legislação não contempla as propostas dos povos indígenas, que foram sugeridas por meio do Conselho Nacional de Ayllus e Markas do Qullasuyu - Conamaq. A organização afirma que a norma não passou por consulta aos povos originários e o documento consensuado pelo Pacto da Unidade não foi respeitado.

Buscando inserir as contribuições dos povos indígenas na lei, o Conamaq escreveu em 24 de agosto uma carta para a presidenta da Câmara dos Deputados, Rebeca Delgado, com observações a respeito do Projeto de Lei aprovado pela Comissão de Terra, Território, Recursos Naturais e Meio Ambiente do Senado. As observações presentes na carta resgatavam o projeto de lei acordado pelo Pacto da Unidade. Apesar deste esforço, as recomendações do Conselho não foram levadas em conta.

Agora, com a aprovação da lei, Caoi aponta que o Conamaq está preocupado com o fato de as instituições públicas estarem se distanciando cada vez mais da visão e do direito ao desenvolvimento dos povos indígenas e suas organizações.

Na carta enviada em agosto, o Conselho deixou clara esta preocupação afirmando que a lei descarta o tratamento integral da biodiversidade e introduz o modelo extrativista "sob o nome de desenvolvimento integral, apontando para destruir a Mãe Terra, com efeitos de contaminação e depredação, devido à expansão da mineração, da exploração de hidrocarbonetos e da ampliação da fronteira agrícola”.

Conamaq alertou neste mesmo documento que a lei busca sustentar as bases de um desenvolvimento integral que se abre para o empreendimento privado, tendo como consequência a acumulação do capital e a mercantilização da Pachamama.

Deixando de lados estas críticas, o presidente comemorou a promulgação da lei, que, segundo está sendo divulgado, tem como objetivo buscar o desenvolvimento integral em harmonia e equilíbrio com a natureza, além de ajudar a garantir a continuação de geração dos componentes e sistemas de vida da Mãe Terra.
 
Fonte: Insurgente

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