quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O menino de arame farpado

Dagnon Odilon da Silva*

Aquela pedra do menino
Mudo e calado
Aquele homem
Amarrado com arame farpado,
Imóvel como o coração do latifúndio,
Triste, como o coração dos marginalizados,
Fragilizado, como a minha fé.
 
O silêncio constante do vazio,
Esperando o grito: liberdade!
 
Aquela pedra do menino de arame farpado,
Marcado pela riqueza do rei do gado,
Rasgada como a mente dos produtores de soja,
Empobrecida no que realmente é viver.
 
Lutador, realmente, no quesito sobreviver.
A pedra do menino mudo e calado,
Chorando o sangue
Que jorra das plantações do trabalho escravo.
 
Não és de pedra, talvez de madeira, de carne.
De sangue estás manchado, calado, sofrendo,
Com as dores dos mártires do cerrado.

*Agente da CPT em Barra do Garças (MT) e educador da Campanha Nacional da CPT de Combate ao Trabalho Escravo.

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